A pesquisa Trajetórias Ocupacionais, realizada pelo Seade na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), acompanhou a mesma amostra de pessoas de 18 anos e mais nos últimos quatro anos, em um levantamento sobre sua inserção no mercado de trabalho. Com a pesquisa, foi possível identificar melhora de alguns indicadores para os jovens de 18 a 29 anos, entre 2021 e 2022, apesar das altas taxas de desemprego e de informalidade.
Em 2022, as taxas de participação, de 85% para os jovens de 18 a 29 anos e de 61% para as pessoas de 30 anos e mais, pouco variaram em relação a 2021 (-1 p.p). A taxa de desemprego dos jovens
diminuiu 5 p.p., passando para 18%, enquanto a dos mais velhos manteve-se relativamente estável (+1 p.p.), alcançando 12%. Esses movimentos distintos permitiram que a diferença dessa taxa entre os dois grupos etários diminuísse de 12 p.p., em 2021, para 6 p.p., em 2022.
Ao acompanhar a trajetória desses dois grupos etários – 18 a 29 anos e 30 anos e mais – com enfoque na permanência ou mudança entre ocupação, desemprego e inatividade, destacam-se alguns resultados positivos, tais como: 83% dos jovens que estavam ocupados em 2021 permaneceram nessa condição em 2022; e 56% daqueles que estavam desempregados em 2021 conseguiram trabalho em 2022.
56 em cada 100 jovens desempregados em 2021 conseguiram trabalho em 2022
Entre os jovens ocupados em 2021, 83 em cada 100 continuaram nessa situação em 2022, mesma proporção que a dos mais velhos.
A parcela de jovens que passaram da ocupação para o desemprego equivalia a 10 em cada 100 – maior do que a dos adultos de 30 anos e mais (6 em cada 100). Já aqueles que passaram da ocupação para a inatividade (não trabalharam e não procuraram trabalho) eram 7 em cada 100.
Distribuição dos ocupados em 2021, por faixa etária, segundo condição de atividade em 2022
Região Metropolitana de São Paulo, em %
Entre os jovens desempregados em 2021, 56% conseguiram trabalho em 2022, proporção maior do que a verificada entre os mais velhos (46%). A parcela daqueles que permaneceram no desemprego pouco se diferenciou entre os jovens e as pessoas com 30 anos e mais (30% e 33%, respectivamente), enquanto 14% de jovens desempregados foram para a inatividade e 21% dos mais velhos.
Distribuição dos desempregados em 2021, por faixa etária, segundo condição de atividade em 2022
Região Metropolitana de São Paulo, em %
76% dos ocupados com 30 anos e mais permaneceram no mesmo trabalho; entre os jovens eram 60%
Considerando as pessoas ocupadas em 2022, 60% dos jovens de 18 a 29 anos permaneceram no mesmo trabalho de 2021, proporção que correspondia a 76% entre as pessoas com 30 anos e mais. De fato, a mudança de trabalho é mais frequente entre os jovens, uma vez que 19% deles mudaram de ocupação nesse período e apenas 10% daqueles na faixa etária posterior. Diferença entre os dois grupos também é percebida pela parcela de ocupados em 2022 que estavam inativos ou desempregados em 2021: 21% dos jovens e 14% das pessoas com 30 anos e mais.
Distribuição dos ocupados em 2022, por faixa etária, segundo condição de atividade em 2021 e permanência no trabalho
Região Metropolitana de São Paulo, em %
Os jovens que ingressam no mercado de trabalho encontram oportunidade principalmente na informalidade. Entre os jovens com trabalho informal em 2022, 56% já estavam nessa situação em 2021, enquanto 13% migraram de um trabalho formal; os outros 31% não estavam ocupados no ano anterior, porcentual maior do que entre os adultos na mesma situação (26%) e entre os jovens com trabalho formal em 2022 (18%).
Distribuição dos ocupados em 2022, por faixa etária, segundo formalização do trabalho e condição de atividade em 2021
Região Metropolitana de São Paulo, em %
Do total de jovens com trabalho formal em 2022, 69% já trabalhavam com esse tipo de vínculo em 2021, 13% vieram da informalidade e 18% não trabalhavam antes. A permanência na formalidade é bem maior entre os adultos de 30 anos e mais (81%).
O trabalho por aplicativo nos grandes centros urbanos ganhou maior relevância nos últimos anos, em especial o de entrega de produtos e o de transporte de pessoas, o que permite novas oportunidades de trabalho, ainda que necessite de maior regulamentação. Na RMSP, 4,7% dos jovens ocupados trabalhavam por aplicativo em 2022, porcentagem similar à das pessoas com 30
anos e mais (4,5%).
Proporção dos ocupados que trabalhavam por aplicativo, por faixa etária
Região Metropolitana de São Paulo, 2022, em %
O perfil dos jovens ocupados em 2022 caracterizava-se por maioria masculina (56%) e não negra (53%). Predominava a posição de filho no domicílio em que residiam (57%) e nível de escolaridade
de pelo menos o ensino médio completo (87%).
Afazeres domésticos, como maior restrição para a procura de trabalho entre os mais jovens, expõem desigualdade de gênero
Em 2022, 15% dos jovens desempregados ou inativos realizaram algum bico ou trabalho ocasional como meio de sobrevivência. Essa proporção é pouco mais que o dobro da apresentada para a
faixa etária mais velha (7%).
Distribuição de não ocupados (desempregados e inativos) que realizaram bico ou trabalho ocasional, por faixa etária
Região Metropolitana de São Paulo, 2022, em %
Os principais motivos que levam os dois segmentos etários a não procurarem trabalho se diferenciam, basicamente, pela fase da vida em que se encontram: os mais jovens pela formação de uma nova família e os mais velhos pela saída do mercado de trabalho, em geral, por meio da aposentadoria. A elevada parcela de mulheres entre os jovens inativos (84%) está associada à responsabilidade atribuída a elas pelo cuidado da casa, dos filhos, ou de outros parentes, restringindo a procura por trabalho (48% dos jovens inativos). Esse era o motivo de apenas 29% dos inativos de 30 anos e mais. Para eles, as principais razões para a não procura foram aposentadoria, problemas de saúde ou não desejavam mais trabalhar (67%), contra apenas 10% dos mais jovens. Ainda entre estes, 42% mencionaram outros motivos, sendo o principal deles o fato de estarem estudando.
Distribuição dos inativos, por faixa etária, segundo razão para não procurar trabalho
Região Metropolitana de São Paulo, 2022, em %
Distribuição dos desempregados e inativos com 18 a 29 anos, segundo atributos pessoais
Região Metropolitana de São Paulo, 2022, em %
Atributos pessoais | Desempregados | Inativos | |
Sexo | Mulheres | 58 | 84 |
Homens | 42 | 16 | |
Raça/cor | Negros | 60 | 50 |
Não negros | 40 | 50 | |
Posição no domicílio | Filhos | 55 | 54 |
Cônjuges, chefes, outros | 45 | 46 | |
Nível de escolaridade | Até ensino médio incompleto | 30 | 20 |
Ensino médio completo ou mais | 70 | 80 |
NOTA METODOLÓGICA
A pesquisa Trajetórias Ocupacionais é uma iniciativa inovadora da Fundação Seade para obter dados longitudinais sobre o mercado de trabalho com amostra painel em quatro tomadas – no último trimestre de 2019, 2020, 2021 e 2022 –, entrevistando as mesmas pessoas com 18 anos e mais. Esta edição analisa as pessoas pesquisadas em 2021 e 2022.