maio.2021

Inatividade involuntária aumenta durante a pandemia

A pandemia alterou a inserção no mercado de trabalho da RMSP, tanto pela dificuldade em manter a ocupação como em procurar trabalho. Uma das mudanças mais expressivas foi o aumento da
inatividade, fazendo com que a parcela de inativos crescesse de 2,9 milhões de pessoas para 3,8 milhões, entre o final de 2019 e de 2020, entre as pessoas de 18 anos e mais.1

Ao final de 2020, 44% daqueles que estavam inativos vinham de outra condição de atividade no ano anterior, a maior parte dos quais ocupados. Quase um terço estaria disponível para trabalhar nos 15 dias seguintes caso conseguisse trabalho e 42% receberam auxílio emergencial.

A análise dos motivos para não procurar trabalho reflete as dificuldades impostas pela pandemia, pois 22% apontaram as restrições associadas a ela como causa de impedimento. Em decorrência,
o aumento da inatividade resultou em mudanças no perfil deste contingente, no qual ganharam participação chefes, homens, além de pessoas com maior escolaridade.

22% dos inativos não procuraram trabalho por causa da pandemia

Entre o contingente que estava inativo no final de 2020, 44% migraram para esta condição de atividade no período da pandemia, sendo que 35% estavam ocupados no ano anterior. Os demais
estavam desempregados anteriormente e, pelas dificuldades de conseguir trabalho, não estavam procurando trabalho no final de 2020.

A crise sanitária dificultou a procura por trabalho para 22% dos inativos, um contingente de 838 mil pessoas. Entre os homens, este é o motivo mais citado para não ter procurado trabalho e estar na inatividade.

As medidas de isolamento para enfrentar a Covid-19 ampliaram a necessidade de algum membro adulto cuidar da casa ou de outros membros da família. Esse foi motivo indicado por 33% dos
inativos para não procurarem trabalho, sendo que, entre as mulheres, 45% o mencionam como razão para estar nessa condição de atividade.

Distribuição dos inativos em 2020, segundo principal motivo de não procurar trabalho, por sexo

RMSP, em %

3 em cada 10 inativos estariam dispostos a trabalhar em até 15 dias

O aumento das demissões, as restrições ao trabalho autônomo e as dificuldades para procura por trabalho trazidas pela pandemia alteraram características usuais dos inativos. Entre os cerca de
80% de inativos que trabalharam anteriormente, quase metade (46%) perdeu ou deixou o trabalho durante a pandemia, o que poderia tornar a condição de inativo transitória. Entre os inativos
homens, esta parcela é maioria (65%), ao contrário do registrado entre as mulheres.

Distribuição dos inativos em 2020, por sexo, segundo tempo que perdeu ou deixou seu último trabalho

RMSP, em %

Outra indicação na mesma direção é dada pelo fato de que 30% dos inativos estariam disponíveis para trabalhar nos próximos 15 dias, caso surgisse uma oportunidade de trabalho. Entre os homens inativos, 32% se dispunham a aceitar oportunidades de trabalho em até 15 dias, parcela que decresce para 29% entre as mulheres.

Para o sustento da família durante a inatividade, 42% dos inativos contaram com o auxílio emergencial, sendo maior entre as mulheres (45%) que entre os homens (32%). A parcela que realizou algum bico como forma de geração de renda durante a pandemia foi de 9% (356 mil pessoas).

Inatividade agrega mais chefes de domicílio e homens em 2020

O perfil estrutural dos inativos não se alterou entre 2019 e 2020. No entanto, alguns grupos tiveram sua participação neste segmento ampliada, coerente com o desalento provocado pela pandemia. Assim, chefes de domicílio, homens, pessoas com ensino médio ou superior e com 60 anos e mais ganharam participação no total de inativos.

Distribuição dos inativos, segundo características individuais

RMSP, em %

NOTA METODOLÓGICA

A pesquisa Trajetórias Ocupacionais é uma iniciativa inovadora da Fundação Seade para obter dados longitudinais sobre o mercado de trabalho. Esta edição sobre a Região Metropolitana de São Paulo utilizou amostra painel em duas tomadas.

 

 

Fonte: Fundação Seade.
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