março.2023

Ocupados em 2022, após período mais crítico da pandemia

A pesquisa Trajetórias Ocupacionais mostra que, apesar dos impactos ainda presentes da pandemia de Covid-19, o cenário do mercado de trabalho da Região Metropolitana de São Paulo melhorou
entre 2021 e 2022. Entretanto, as oportunidades são menos favoráveis para as pessoas de 18 anos e mais que passaram a trabalhar em 2022, depois de estarem desempregadas ou em inatividade em 2021, e, em menor medida, para quem já era ocupado, mas mudou de trabalho no período.

A pesquisa aponta que, do total de pessoas ocupadas ao final de 2022, 84% já se encontravam nessa condição em 2021 (7,7 milhões de pessoas), sendo que 72% permaneceram no mesmo trabalho ou negócio (6,6 milhões de pessoas) e 12% conseguiram uma nova ocupação (1,1 milhão de pessoas). Os demais 16% eram desempregados ou inativos em 2021 (1,5 milhão de pessoas).

Estes três grupos apresentam características distintas em termos de atributos pessoais e inserção produtiva, confirmando as desigualdades presentes no mercado de trabalho metropolitano após o
período mais crítico da crise da pandemia.

Perfis dos ocupados em 2022 diferem conforme condição de trabalho em 2021

Entre as pessoas que se mantiveram ocupadas entre 2021 e 2022, as que permaneceram no mesmo trabalho têm maior proporção de chefes (52%) e de não negros1 (58%) do que as que mudaram de trabalho (43% e 53%, respectivamente). Em contrapartida, a parcela de jovens até 24 anos é maior entre os que mudaram de trabalho (31%, contra 11% para os que não mudaram).

Distribuição dos ocupados em 2022, por condição de trabalho em 2021, segundo atributos pessoais

Região Metropolitana de São Paulo, em %

No grupo dos que não eram ocupados em 2021 e conseguiram um trabalho em 2022, é maior a proporção de mulheres (57%), negros (54%) e menos escolarizados (32% com até médio incompleto), em comparação aos outros dois segmentos.

Qualidade da inserção dos ocupados que permaneceram no mesmo trabalho é superior à daqueles que conseguiram trabalho em 2022

Daqueles que já eram ocupados em 2021 e mudaram de trabalho em 2022, a parcela dos que conseguiram trabalho com carteira assinada foi de 53%, ligeiramente inferior à daqueles que não mudaram de trabalho ou ocupação (56%). Em contraposição, 31% dos ocupados que mudaram de atividade se inseriram no novo trabalho como conta própria ou autônomos, parcela pouco superior aos 28% dos que não mudaram de ocupação. Situação mais precária enfrentaram os que não trabalhavam em 2021, uma vez que apenas 40% conseguiram trabalho com carteira assinada e nada menos de 41% como conta própria ou autônomo.

Distribuição dos ocupados em 2022, por condição de trabalho em 2021, segundo posição na ocupação

Região Metropolitana de São Paulo, em %

Entre os ocupados que não mudaram de trabalho, é maior a parcela dos que atuam na indústria de transformação, enquanto para aqueles que não trabalhavam em 2021, é maior a proporção na
construção civil e nos serviços domésticos.

Para as pessoas que conseguiram um trabalho em 2022, saindo da condição de desempregado ou inatividade de 2021, quase 1/3 não trabalhava em estabelecimento fixo, contra cerca de 20% entre
os que já eram ocupados.

Trabalho por aplicativo é menos formalizado

O trabalho por aplicativo foi exercido por 4,5% dos ocupados em 2022. Este contingente tem maior proporção de homens, jovens, não negros, mais escolarizados e chefes, em comparação ao contingente que não exerce esse tipo de trabalho.

Proporção de ocupados em 2022, por atributos pessoais, segundo situação de trabalho por aplicativo

Região Metropolitana de São Paulo, em %

Chama a atenção o fato de 26% dos trabalhadores por aplicativo em 2022 estarem desempregados ou em inatividade em 2021, contra 16% dos demais ocupados, parcela 10 p.p. maior.

A formalização da ocupação desses trabalhadores por aplicativo é menor (43%) do que a dos demais ocupados (75%). Por sua vez, o local onde eles trabalham e o equipamento que utilizam são
fortemente determinados pelos serviços de transporte a que se dedicam, resultando em 43% que trabalhavam sem instalações fixas e com equipamento automotivo ou moto, contra apenas 3% dos
demais ocupados.

Distribuição dos ocupados em 2022, por situação de trabalho por aplicativo, segundo formalização do trabalho

Região Metropolitana de São Paulo, em %

Distribuição dos ocupados em 2022, por situação de trabalho por aplicativo, segundo local onde trabalha

Região Metropolitana de São Paulo, em %

NOTA METODOLÓGICA

A pesquisa Trajetórias Ocupacionais é uma iniciativa inovadora da Fundação Seade para obter dados longitudinais sobre o mercado de trabalho, com amostra painel em quatro tomadas – no último trimestre de 2019, 2020, 2021 e 2022 –, entrevistando as mesmas pessoas com 18 anos e mais. Esta edição analisa os ocupados investigados em 2021 e 2022.

Nota
1. Neste estudo, a população negra é composta por indivíduos pretos e pardos e a não negra, por brancos e amarelos.

 

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa Trajetórias Ocupacionais.
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