O arrefecimento da pandemia e a consequente retomada das atividades e do emprego afetaram positivamente o mercado de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo, melhorando o padrão de remuneração da ocupação e da renda das famílias.
Entre 2021 e 2022, a renda média do trabalho teve aumento real de 11% e, para aqueles que se mantiveram ocupados no período, o crescimento foi de 14%. Esse incremento ocorreu para todos os segmentos populacionais e todas as formas de inserção analisadas no mercado de trabalho.
O aumento da ocupação e da remuneração do trabalho impactou a renda domiciliar per capita, com acréscimo de 12% no período. Dessa forma, mais da metade das famílias residentes na RMSP (54%) passou a dispor de renda per capita superior a um salário mínimo, restando ainda, no entanto, elevada parcela de famílias abaixo desse nível, em 2022.
O aumento da renda para os que permaneceram ocupados entre 2021 e 2022 foi menor para os empregados formais
Entre 2021 e 2022, as pessoas que permaneceram ocupadas tiveram aumento de 14% em sua renda média real, sendo que para aqueles que se mantiveram no mesmo trabalho o acréscimo foi um pouco menor (13%). As pessoas com vínculo formal de trabalho1 obtiveram aumento menor (5%) do que aquelas com outros vínculos (31%), diminuindo a distância entre a renda destes ocupados e a dos empregados formais em 2022.
Renda média real (1) do trabalho principal de quem permaneceu ocupado entre 2021 e 2022, por tipo de inserção,
Região Metropolitana de São Paulo, 2021-2022, em reais
(1) Inflator utilizado: INPC. Valores em reais de março de 2023. Excluem-se os assalariados e os empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês.
Maiores ganhos entre homens, chefes de domicílio e não negros
Renda média real (1) do trabalho principal de quem permaneceu ocupado entre 2021 e 2022, por atributos pessoais
Região Metropolitana de São Paulo, 2021-2022, em reais
(1) Inflator utilizado: INPC. Valores em reais de março de 2023. Excluem os assalariados e os empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês.
O crescimento da renda foi generalizado por atributos pessoais, com maiores ganhos entre os homens (20%) e chefes de domicílio (18%) do que mulheres (6%) e demais moradores do domicílio (8%). Por escolaridade, a renda média do trabalho aumentou 17% para aqueles com pelo menos o ensino médio completo, mas praticamente não variou entre os que tinham até o ensino médio incompleto. Houve acréscimo maior da renda média entre pessoas não negras (18%) do que entre as negras (10%), reduzindo de 64% para 59% a proporção dos ganhos das negras em relação ao das não negras.
Aumenta a renda domiciliar, com a ajuda do auxílio emergencial
Com o arrefecimento da pandemia, a renda das famílias residentes na RMSP foi afetada por dois movimentos favoráveis: a ampliação do número de ocupados e a elevação da renda média do trabalho. O resultado foi o aumento de 12% na renda domiciliar per capita, que passou de R$ 1.635 para R$ 1.829, entre 2021 e 2022.
Renda domiciliar per capita real (1) em quartis
Região Metropolitana de São Paulo, 2021-2022, em reais
(1) Inflator utilizado: INPC. Valores em reais de março de 2023. Excluem os assalariados e os empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês.
Ademais, em 2022, o Auxílio Brasil, agora Bolsa Família, passou a atender mais do que o dobro de domicílios (6,1%) alcançados em 2021 (2,6%), o que contribuiu para o aumento da renda domiciliar das famílias cuja renda per capita era menor.
Proporção de domicílios que receberam Auxílio Brasil/Bolsa Família e número médio de moradores ,
Região Metropolitana de São Paulo, 2021-2022
Dessa forma, 25% dos domicílios que tinham menor renda domiciliar per capita de até R$ 686, em 2021, passaram a receber até R$ 769, em 2022, com uma elevação de 12%. Já para os 75% dos
domicílios com renda per capita de até R$ 1.867, o aumento foi menos intenso (10%), passando para até R$ 2.051.
A elevação da renda média real fez com que, entre 2021 e 2022, a proporção de famílias residentes na RMSP que ganhavam até um salário mínimo per capita diminuísse de 54% para 46%.
Distribuição dos domicílios, segundo renda domiciliar per capita em salários mínimos
Região Metropolitana de São Paulo, 2021-2022, em %
NOTA METODOLÓGICA
A pesquisa Trajetórias Ocupacionais é uma iniciativa inovadora da Fundação Seade para obter dados longitudinais sobre o mercado de trabalho, com amostra painel em quatro tomadas – no último trimestre de 2019, 2020, 2021 e 2022 –, entrevistando as mesmas pessoas com 18 anos e mais. Esta edição analisa as pessoas pesquisadas em 2021 e 2022.
Nota
1. Referem-se aos empregados nos setores privado e público com carteira assinada, militares e funcionários públicos estatutários, enquanto os demais ocupados englobam os empregados sem carteira de trabalho assinada, empregadores e conta-própria.
